domingo, 26 de maio de 2019

Tomando como ponto de partida o atual cenário logístico brasileiro ─ altamente competitivo e dinâmico. O transporte, principal e mais importante componente logístico, podendo ser responsável por até dois terços dos custos, é visto como o campo mais fértil para economia de escala e escopo.
Cobrir de modo eficiente toda a rede de clientes implica em aumento do número de fornecedores necessários para atendê-los com excelência no custo ideal. O transporte, em toda cadeia de suprimentos, é um abundante campo de atuação para redução de custos.
Para isso as empresas descobriram e passaram a operacionalizar, em frequências cada vez menores. O BID ou bidding process, que significa oferecer, convidar e dar lances (leilão de fretes).
Se já é comum em sua empresa ou deseja empreender um bidding process, é preciso cautela para não cometer erros primários onerando assim seu nível de serviço e custos.
Conhecer os pontos positivos e negativos deste tipo de contratação poderá ajudá-lo no momento de decisão e operacionalização. Pensando em clarificar todas as dúvidas e sugerir as melhores práticas, estaremos elencando algumas dicas e cuidados a serem adotados.
O BID na prática
Basicamente o bidding process dedica-se a selecionar provedores de serviços gabaritados e experimentados no mercado para que mediante a um pregão ou processo de licitação por concorrência,  possa identificar fornecedores que melhor se ajustam aos requerimentos da logística ou comprador.
Usado para reduzir os custos com transporte, sondar os custos de mercado e assim obter subsídios reais para negociação com provedores de serviços atuais, ou até substituir provedores ineficientes, o BID é uma realidade cada vez mais presente no cenário corporativo.
PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS DO BIDDING PROCESS
Positivos:
  • Pesquisa de mercado sobre preços e prazos praticados;
  • Garantia de preço justo no transporte da mercadoria;
  • Contratos mais longos e melhor elaborados;
  • Condição para se estabelecer conjuntos de KPI’s e SLA’s a serem cumpridos na nova demanda.
Negativos:
  • Pode haver uma demora no processo de contratação devido à morosidade do processo do bidding;
  • Pode se perder bons fornecedores para outros que prometem e depois não podem cumprir;
  • Diminuição das margens dos provedores obrigando-os aceitar os valores impostos naturalmente pelo processo de concorrência;
  • Presença de fraudes na escolha do provedor (presentes, “bola” e favorecimentos diversos).
QUAIS OS PRINCIPAIS CUIDADOS A SEREM TOMADOS
O profissional de logística e compras está sempre sofrendo pressão pela redução dos custos e não restam dúvidas que o bidding process pode auxiliar nessa tarefa, no entanto não é algo rápido e simples.
Não é uma coisa que se trata por e-mail, mas requer um processo de preparação e cuidado no decorrer da ação. Abaixo alguns pontos que não podem ser ignorados…
  1. SAIBA AONDE QUER CHEGAR
Ao abrir o bidding process a empresa deve ter clareza das razões que a levaram a isso: Reduzir os custos com transporte? Eleger provedores com expertise e qualificações específicas? Elevar os níveis de serviço? Ter acesso a novas tecnologias? Ou só sondar o mercado?!
  1. DEFININA OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Antes da etapa de RFI (Request for Information), defina as exigências para a escolha dos provedores de serviço: que drives de exigência adotar para o crivo de escolha do provedor de serviços, quais SLA’s exigir, que documentos considerar, competências a exigir dos candidatos, modelo de contrato e etc.
  1. QUEM SERÃO OS PROVEDORES DE SERVIÇO CONVIDADOS
É importante ter uma lista de provedores que participarão do processo, atuais e novos. No momento dessa definição deve ser levado em conta: tamanho da estrutura, frota, tempo de mercado, saúde financeira comprovada, operadores logísticos (trazem maior segurança), transportadoras, autônomos e etc..
  1. AO ENVIAR O CONVITE
Depois de tudo definido é hora de enviar os convite/formulário RFI (Request for Information). Tudo tem que estar muito bem delimitado neste momento. É importante ser objetivo, direto e conciso. Formulários grandes demais com informações irrelevantes só complicam o processo, faça perguntas relevantes e essenciais para aquilo que está destinado e forneça ao candidato todos os dados para que possa formatar a RFP (Request for Proposal): perfil de frota, número de clientes, volumes, licenças necessárias, tecnologia, certificações, modelo de precificação, cronograma, qualidade desejada e etc.
  1. ESCOLHENDO OS VENCEDORES
A maioria das empresas quando realizam um BID focam nas tarifas, no preço final. Esse é um fator de extrema importância, mas não é tudo ─ qualidade, nível de serviço e custos, deve andar de mãos dadas. Portanto, audite os ganhadores: visite-os; vá conhecer pessoalmente a estrutura e equipe técnica. Verifique como está a saúde financeira e fiscal. Estado da frota e etc.

Depois de tudo realizado é hora de medir e acompanhar cuidando para que tudo o que foi planejado aconteça na prática. Sabe-se que o mercado ao abrir um processo de BID quer fazer uma espécie de pressão sobre provedores de serviços, e ao receberem a informação, as transportadoras recebem como uma notícia ruim. Um tipo de pressão por baixa de tarifas empurradas “goela abaixo”.
Lembre-se que os provedores escolhidos irão representá-lo diante do seu cliente, assim são uma extensão de sua marca e reputação. Preços baixos demais, em um primeiro momento podem ser atrativos, mas em um futuro breve pode ser um tiro no pé.
Fonte: brasilmaxi.com.br

sexta-feira, 24 de maio de 2019


Dentro do ramo de transportes e logística, existem terminologias e conceitos que, devem ser de conhecimento de todos os profissionais, devido à sua importância no negócio. E hoje vamos falar sobre o que é carga fracionada e carga lotação, suas diferenças, benefícios e quando se aplica cada uma dessas modalidades de transporte.
Saber a aplicação prática dessas duas modalidades de transporte de cargas é importante para garantir eficiência nas operações, redução de custos e satisfação dos clientes, pois há situações práticas em que a utilização de uma é mais adequada que a outra.
carga fracionada ou carga lotação
Você sabe qual é a diferença entre esses termos? Confira a leitura desta publicação e entenda seus conceitos, como funcionam o transporte na prática e qual é o melhor modelo para cada situação!

O que é carga fracionada?

Carga Fracionada é a denominação dada a modalidade de transporte onde é feito o envio de mercadorias em quantidades menores, que sozinhas não ocupam toda a capacidade de carga do veículo ou equipamento utilizado para realizar o transporte. Na modalidade de Carga Fracionada é feito o agrupamento de carga de diversos tipos de mercadoria, assim como de vários remetentes e para diversos destinos em um mesmo carregamento.

Quais as vantagens do transporte de cargas fracionadas?

A partir da lógica de que o veículo ou equipamento de carga é compartilhado entre mais de um  cliente, os volumes serão menores e, consequentemente, o preço do frete será menor em comparação a um carregamento exclusivo, e esse é o principal benefício desta modalidade de transporte.
Outro benefício da modalidade de transporte fracionado é a grande disponibilidade de rotas regulares através de diversas transportadoras no mercado.

Como é feito o transporte de cargas fracionadas?

Na prática o transporte fracionado costuma passar por 4 grandes etapas, são elas:
  1. COLETA:
    1. Nesta etapa os veículos urbanos de carga (VUCs) da transportadora ou de um parceiro (representante) se dirigem até as dependências do remetente para buscar as mercadorias a serem despachadas, e as levam até o armazém da transportadora ou parceiro na região.
  2. TRIAGEM E ENCAMINHAMENTO:
    1. Ao receber as mercadorias no seu armazém, a equipe operacional da transportadora se encarrega de distribuir as cargas em lotes de acordo com as rotas que elas irão seguir, por exemplo: lote 1 = cargas para SP, lote 2, cargas para RJ, lote 3 = cargas para o interior, etc.
    2. Os lotes de mercadorias já separados por região são então embarcados em veículos maiores (carretas, geralmente) para seguir viagem até o Centro de Distribuição (CD) da transportadora ou de um parceiro (representante) na região de destino.
  3. SEPARAÇÃO:
    1. Ao chegar no CD (Centro de Distribuição) da transportadora ou parceiro na região de destino, o veículo de viagem (geralmente uma carreta maior) é descarregada.
    2. A equipe do armazém então providencia a separação das cargas em lotes de acordo com as rotas de entrega, por exemplo: lote 1 = cargas para o interior, lote 2 = cargas para bairros a, b, c, d, lote 3 = cargas para os bairros e, f, g, etc..
    3. Os lotes de cargas para entrega são então carregados nos veículos de entrega, os quais geralmente são veículos menores, que denomina-se VUCs (Veículos Urbanos de Carga).
  4. ENTREGA:
    1. Uma vez carregados os veículos de entrega (VUCs), eles seguem até o destino final para entrega.
    2. Em trânsito, os veículos de entrega devem seguir o plano de viagem, cumprindo as entregas de acordo com a rota estabelecida.
Em razão de passar pelas etapas acima, o prazo de entrega tende a ser um pouco maior do que no transporte de carga lotação, porém, é possível minimizar as consequências desse problema com adoção de tecnologias que aceleram os processos e permitem maior controle das operações.

O que é o transporte de carga lotação?

A carga lotação ou carga fechada é uma modalidade em que há o preenchimento de toda a capacidade de carga de um veículo ou equipamento com a carga de apenas um cliente. E na modalidade de transporte de carga lotação há a entrega direta para um destino.
Como o veículo roda exclusivamente com a carga de um cliente, o preço do frete tende a se elevar, porém, em muitos casos é a única alternativa viável para determinados tipos de operações.

Como é executado o transporte de carga lotação?

Diferentemente da carga fracionada, no transporte de carga lotação utiliza-se um único veículo e a entrega é direta ao destinatário, sem a necessidade de ser preparada e/ou separada em um armazém. Graças à burocracia reduzida, as entregas tendem a ser mais rápidas em comparação à outra modalidade.
Por essa razão, normalmente são mais utilizadas para entregas urgentes, clientes que precisam de uma particularidade específica, mercadorias excepcionalmente volumosas ou que necessitam de equipamentos especiais para carga e descarga.

Em quais situações devo utilizar a carga fracionada ou carga lotação?

No último tópico citado, percebemos que há algumas situações em que a modalidade ideal é o transporte de carga lotação, e outras na qual a modalidade mais indicada é a carga fracionada, mas há diversos fatores que também devem ser considerados antes de determinar qual transporte utilizar. Confira, a seguir, quais são alguns desses fatores.

Abrangência da região e cobertura geográfica

Dependendo da entrega, é preciso estudar a cobertura geográfica atendida pelas transportadoras disponíveis, pois nem sempre elas prestam serviços em todas as regiões do país, fazendo com que seja necessário contratar mais de uma empresa.
Essa contratação extra pode encarecer o frete, sendo um fator relevante a ser considerado. Mesmo que haja vários destinatários, em alguns casos pode ser que seja mais econômico optar pela carga lotação ao invés da carga fracionada: tudo deve ser previamente calculado antes de tomar a decisão.

Cargas especiais

Cargas químicas e perigosas possuem normas rígidas que devem ser minuciosamente obedecidas. Normalmente, elas não podem ser transportadas junto com outras categorias de mercadorias, como alimentação e saúde.
A razão é óbvia: caso elas se misturem, isso colocará em risco a integridade física de outras pessoas. Por essa razão, às vezes o uso de carga fracionada ou carga lotação será obrigatório por lei.

Prazo de entrega e urgência

A urgência ou necessidade do um menor prazo de entrega também é um fator influenciador na decisão entre envio na modalidade de carga fracionada ou carga completa. Se ela deve ser feita urgentemente, é recomendável que opte pela carga lotação, pois não haverão as etapas de descarga, separação, fracionamento da carga e redespacho. O cliente poderá optar por pagar um frete maior em troca de uma entrega mais veloz.

Planejamento de rotas

No planejamento de rotas são consideradas diversas variáveis que influenciam no custo da entrega, no valor do frete, na segurança da estrada, riscos de erros etc. Alguns deles são:
  • distância a ser percorrida;
  • despesas com combustíveis e pedágios;
  • quantidade de destinos a serem atendidos;
  • necessidade de manutenção;
  • riscos presentes no trajeto;
  • normas locais para circulação, carga e descarga – normalmente são leis municipais.
Tudo isso influencia na escolha entre as modalidades de transporte; por exemplo, é possível que exista uma norma municipal que exija taxas ou tempo máximo de descarga para veículos excepcionalmente pesados, fazendo com que seja mais vantajoso optar pelo transporte fracionado.

Volume e frequência de cargas para o destino

Outros dois pontos muito importantes a serem considerados na hora de escolher entre carga lotação ou carga fracionada são o volume de carga para o destino e a frequência de embarques, pois em alguns casos quando a transportadora não tem rota para a região de destino, e o volume e peso da mercadoria são pequenos para justificar o envio na modalidade carga completa (fechada ou lotação), acaba sendo mais viável que se faça o envio na modalidade de carga fracionada através de uma outra transportadora parceira, reduzindo custos e permitindo oferecer um preço melhor para o seu cliente.
Publicado por Fábio Cunha 

terça-feira, 13 de novembro de 2018

Logística reversa é um "instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada".
O mercado de transporte de cargas possui um linguajar próprio e alguns termos são muito comuns no dia a dia de transportadoras, porém nem sempre são facilmente compreendidos por leigos. A fim de auxiliá-lo explicamos de forma breve e objetiva o que é carga fracionada e o que é carga completa.
 Carga fracionada é quando você precisa levar algo que ocupe apenas uma parte do espaço do caminhão.
Exemplo: Preciso levar um fogão de SP para MG e não tenho restrição em levá-lo no mesmo caminhão que outros clientes.
Carga completa é quando você precisa que o caminhão inteiro seja exclusivo para a(s) sua(s) mercadoria(s), ou seja, você irá completá-lo ou precisará que a transportadora leve somente a sua mercadoria dentro do caminhão.
Exemplo: Preciso levar um caminhão de areia de Florianópolis para São Paulo.

Edenilson Costa
Diante de um mercado cada vez mais competitivo, amplo, diversificado e inovador, as empresas necessitam de decisões estratégicas que garantam a sua sobrevivência, decisões estas que envolvem ações planejadas, tendo com perspectiva:
1. O cenário atual e amplo, onde todos os setores são envolvidos nas decisões, como:
  •  fornecedores, 
  • Clientes, 
  • colaboradores; e 
2 . O cenário futuro, onde são analisadas as possíveis mudanças de mercado.

Para sobreviverem, as empresas precisam pensar em objetivos como baixo custo e alta qualidade. A empresa não pode mais determinar o preço ao seu mercado consumidor, pois atualmente é o mercado quem determina o quanto quer pagar; em função disso, cabe a empresa reduzir seus custos para que possa ter lucro naquilo que produz e naquilo que faz, seja bem tangível ou intangível (bens ou serviços). Altos custos comprometem a lucratividade da empresa, fazendo com que o negócio torne-se inviável, comprometendo sua sobrevivência.

Desta forma, a empresa precisa possuir uma Perspectiva Estratégica da Qualidade. Como podemos definir este termo?
  • Perspectiva = s.f. Des. Representação, num plano, dos objetos como se apresentam à vista. / P. ext. Aspecto dos objetos vistos de longe; panorama. Fig. Recuo, distanciamento do observador em face do objeto. Fonte: Dicionário Online Workpedia. http://www.workpedia.com.br/perspectiva.html.
  • Estratégia = s.f. Arte de dirigir um conjunto de disposições: estratégia política. Ação Estratégica: (…) uma ação planejada, uma diretriz ou um conjunto de diretrizes para enfrentar uma determinada situação, tendo duas características principais: o planejamento prévio às ações para as quais propõe e a execução consciente e deliberada. Fonte: Gestão Estratégica: aplicação na EMBRAPA http://www.fearp.usp.br/egna/resumos/Gollo.pdf .
  • Qualidade = s.f. Superioridade, excelência em qualquer coisa: preferir a qualidade à quantidade. / Aptidão, disposição favorável. http://www.workpedia.com.br/qualidade.html .
A inserção da Qualidade na visão estratégica da empresa ocorre dentro de um contexto de longo prazo pois envolve principalmente a mudança de cultura das pessoas que compõem a organização.

Primeiramente, para inserirmos o conceito de Qualidade na empresa, precisamos construir um conceito consistente de Qualidade. Qualidade tem que ser vista como um valor pelas pessoas, elas devem entender o quão importante ela é para a sobrevivência da empresa e, posteriormente, até mesmo da própria sociedade. Para ser vista como um valor, é necessária uma mudança de cultura, conscientizando as pessoas de que :
  • Qualidade não é minimizar defeitos, especialmente aqueles que chegam até os Clientes e nem tão pouco melhorias localizadas.
  • Qualidade não é algo meramente operacional, onde inspetores inspecionam linhas de fabricação, materiais em recebimento, produtos finalizados, buscando eliminar os erros.
  • Qualidade é um diferencial para a empresa num mercado competitivo, oferecendo redução de defeitos, de retrabalhos e aumento de produtividade.
  • Qualidade significa capacitar colaboradores, treinando-os e preparando-os para a realização de suas funções (cabe dizer que algumas pessoas acreditam que ter inglês, por exemplo, é um diferencial no mercado. Pois não é mais. Cursos de línguas, especialização, aprimoramento, entre outros cursos diversos, não são mais vistos como diferencial para o mercado. O que difere uma pessoa no mercado de trabalho é a capacidade que ela tem de fazer além daquilo que é esperado dela, superar expectativas).

A Qualidade, que antes era centrada apenas no Produto Acabado (inspecionava-se o produto depois de pronto, criando métodos para análise de amostras e inspeções, ou seja, a metodologia “está bom, está ruim“, metodologia esta muito dispendiosa e que não tinha condições de alterar aquilo que já havia sido feito: a qualidade do produto), passou a ser exercida sobre o processo de fabricação, dando origem à Gestão da Qualidade do Processo (direcionamento das ações do processo produtivo para o pleno atendimento do Cliente).

1 – A GESTÃO DA QUALIDADE DO PROCESSO
Para este tipo de gestão, são necessários inspetores exercendo um rigoroso controle sobre o processo, ou seja, acompanhamento intenso sobre as máquinas e sobre aquilo que se produz. Este tipo de gestão da qualidade está ligada à forma como o processo e as pessoas são controladas. Porém, ações de inspeção exercidas pelos inspetores não agregam valor ao produto ou ao processo, ou seja, o Cliente não pagará a mais por aquilo que está comprando; o Cliente paga por aquilo que ele vê, e não por aquilo que ele não vê (no caso, a mão-de-0bra dos inspetores no processo). Aqui, a função dos inspetores é fazer o processo funcionar para cumprir prazos e faturamento da empresa.

Além destas ações de controle dispendiosas, existe a figura do gerente centralizador: arrogante, que controla todo o processo produtivo com mão-de-ferro. Nem sempre são características pessoais do gerente, podem ser reflexos da postura da alta administração (política da organização). A idéia do gerente centralizador pressupõe uma figura “onipresente” e “onisciente”, sendo primeiro a chegar e o último a sair. Conhece todo o processo, sabe tudo o que está se passando na fábrica, passa por cima da hierarquia e conhece a tudo e todos tão bem que é capaz de substituir qualquer um em qualquer processo da fábrica. Em empresas pequenas, este tipo de gerente passa a ser peça-chave; em empresas grandes, está em extinção, pois é cada vez menos possível controlar toda a organização, além de ser um profissional com péssima qualidade de vida (stress, cansaço, esgotamento).

Com o entendimento de que inspeção de controle não agrega valor ao produto, abriu-se espaço para técnicas de qualidade conhecidas como ferramentas de qualidade (ferramentas de melhoria do processo produtivo), entre elas:

  • Instruções de trabalho;
  • Procedimentos;
  • Gráficos de Controle;
  • Diagramas;
  • Histogramas;
  • Folhas de Checagem;
  • Gráficos de Pareto; e
  • Fluxogramas, entre outras.
O uso de ferramentas da qualidade agregam valor ao processo e contribuem para a evolução da Qualidade. Porém, uma melhoria localizada não significa uma melhoria global (de todo o processo); há a necessidade de otimizar-se todo o processo. Para tanto, através de um gerenciamento operacional, implementa-se estratégias ao invés de somente ferramentas. Estas estratégias prevêem:
  • Eliminação de defeitos;
  • Acréscimo da capacidade de produção;
  • Ações que geram maiores índices de produtividade;
  • Otimização dos processos através das melhorias dos métodos de trabalho;
  • Atendimento às especificações do Cliente.
A visão de conjunto, proporcionada por uma gestão operacional, faz com que os resultados de melhorias apareçam mais rapidamente, porém faz com que a estrutura dependa demasiadamente do gerente; além disso, este tipo de gestão não significa que as ações de melhoria do processo signifiquem melhorias no atendimento às expectativas do Cliente. Se a empresa prioriza seu processo produtivo, esquecerá do Cliente, de suas necessidades, suas preferências e suas conveniências.

A Avaliação da Qualidade por Inspeção e Amostragem procura suprir esta deficiência (necessidade da Produção = Produzir e Faturar x necessidade do Cliente = ter suas expectativas atendidas). Este tipo de inspeção analisa a qualidade dos produtos e processos, gerando ações corretivas e preventivas que devem ser implementadas para a correção dos processos. Cabe aqui ressaltar a diferença entre Inspeção da Qualidade e Controle de Qualidade: enquanto a inspeção avalia o produto e detecta defeitos, o controle propõe o que fazer a partir dos resultados da inspeção, gerando ações corretivas e preventivas. Este tipo de inspeção conduz a dois caminhos: rejeição (refugo) ou retrabalho, onde a amostragem representa de forma criteriosa todo o lote.

Os métodos quantitativos e qualitativos geram informações bem estruturadas dos processos, produtos e serviços para formarem os Indicadores da Qualidade. Os indicadores avaliam o comportamento do processo expressando-se em números (percentuais) e avaliam o impacto do produto final sobre o consumidor (medição da fidelidade, reclamações, devoluções, etc). Os indicadores são formados com base em números, levantamentos quantitativos, são medidos, e não são baseados em “sentimentos”. O indicador mede a avaliação do produto não por quem o faz, e sim por quem o consome.

Os componentes de um indicador são:
  • Elemento, ou o que se quer medir (desempenho de determinada máquina no processo); 
  • Fator, ou a combinação dos componentes no elemento (medição do consumo de energia elétria por equipamento); e 
  • Medida, ou seja, a unidade mais adequada para medir cada fator. 

A aplicação prática de um indicador depende do objetivo, justificativa, ambiente e padrão: 
  • O objetivo define a finalidade do indicador (medir os níveis de desempenho de um equipamento);
  • A justificativa refere-se à relevância do indicador (ou seja, através dos indicadores de desempenho de um equipamento, justificar que ele deve continuar operando);
  • O ambiente é o processo produtivo em si ou a relação da empresa com o mercado;
  • E padrão determina o resultado da avaliação dos valores expressos pelos indicadores (informa se houve, por exemplo, resultados no processo de redução de custos).

Os indicadores fornecem bases quantitativas para que a Gestão da Qualidade, focada em melhorias, possa elaborar um Planejamento da Qualidade, onde seu uso é bastante útil para:
  • Avaliar a qualidade institucional;
  • Avaliar a qualidade do processo;
  • Avaliar a qualidade do produto e serviços;
  • Avaliar as expectativas do mercado; e
  • Avaliar os modelos de formação e qualificação de mão-de-obra.

As vantagens para o uso de indicadores é que através dela é possível avaliar as prioridades que os profissionais possuem em relação a determinadas questões, forçam estes profissionais a pensarem e agirem de forma objetiva. Tornou-se fundamental num processo de melhoria pois os indicadores medem o antes e o objetivo a ser atingido. Para se formar os indicadores é necessária a participação de todos os envolvidos no processo, reforçando a amplitude e a abrangência da Avaliação da Qualidade e comprometendo toda a organização na busca pelos objetivos.

Comprometer toda a organização na busca pela Qualidade significa o envolvimento das pessoas no esforço pela Qualidade. É difícil avaliar, compreender e até mesmo envolvê-las em qualquer ação de melhorias. Porém, da mesma forma que são complexas, são as pessoas (ou os recursos humanos ou o capital humano) que oferecem os melhores e maiores retornos, devido:
  • A sua criatividade;
  • A capacidade inventiva de propor soluções, novos métodos, novos processos mais baratos e eficazes, de superar desafios.

Envolver as pessoas em um processo de Gestão da Qualidade não é um processo operacional e sim tático, ao alcance da média gerência. A gestão tática da qualidade requer a interação das pessoas com a organização e a interação das pessoas entre elas mesmas, ou seja:
  • A empresa deve definir quais são os objetivos e comunicar às pessoas por meios formais;
  • As pessoas devem cumprir os objetivos com competência, capacidade, entusiasmo, dedicação e motivação;
  • As pessoas devem cumprir as regras, diretrizes, políticas e normas da empresa;
  • A empresa deve dar às pessoas condições de trabalho;
  • A empresa deve dar às pessoas retribuição financeira;
  • A empresa deve dar às pessoas perspectivas de crescimento pessoal e profissional;
  • A empresa deve capacitar as pessoas para o trabalho através de treinamentos, palestras e seminários;
  • A empresa deve estreitar a comunicação com as pessoas através de canais formais de informação;
  • A empresa deve dar exemplos institucionais, como a concessão de benefícios por resultados alcançados;
  • Os gerentes, gestores, supervisores, encarregados e líderes devem agir com postura gerencial;
  • A empresa deve interagir com o mercado consumidor (os Clientes) através de seus profissionais capacitados;
  • A empresa deve interagir com os concorrentes (qualidade, preços e novos lançamentos), fazendo com que tenha uma cultura de redução de custos e aceleração de cronogramas. É impossível gerenciar a organização sem avaliar as ações de nossos concorrentes.

A Qualidade só se consolida na empresa se estiver inserida na cultura das pessoas (crenças e valores de uma sociedade), e estas pessoas enxergarem e transformarem a Qualidade em um valor. O mecanismo mais comum para transformar a Qualidade em valor é a motivação. Sabemos que ninguém motiva ninguém e que as pessoas se motivam por si mesmas, conferindo novas prioridades às ações usuais, porém é necessário que a empresa mostre o que deve ser feito e determine nas pessoas o querer fazer (para entender melhor sobre motivação, recomendo a leitura do post https://sandrocan.wordpress.com/2008/09/02/o-que-e-motivacao/). Felizmente, as pessoas passaram a ter posturas conscientes com a motivação, buscando maiores qualificações por decisões próprias e não por imposição das empresas. Também passaram a se unir de forma coletiva, criando equipes que buscam soluções para os problemas. Para tanto, é necessária uma definição clara do que fazer e o que receberá em troca se tal ocorrer. É um modelo gerencial baseado exclusivamente na negociação, ou na reciprocidade.

A reciprocidade é um processo gerencial recente e, por isso, enfrenta algumas dificuldades de operação. Há quem ache que negociar implica perda de autoridade; muitos vêem as atribuições do cargo como uma obrigação e, por isso, dispensam concessões; há quem entenda que a negociação aumenta custos, e diversos outros fatores críticos no processo gerencial. Na verdade, o que existe é a falta de criatividade para propor os benefícios, bem como os meios para avaliar quantitativamente os resultados.


2 – A GESTÃO ESTRATÉGICA DA QUALIDADE
  •  A gestão estratégica da organização é a gestão que trata dos meios de garantir a sua sobrevivência.
  • A Qualidade desempenha um papel fundamental na sobrevivência das organizações.

A definição básica para a Qualidade enfatiza pleno atendimento do Cliente em seus:
  • Desejos;
  • Necessidades;
  • Expectativas; e
  • Preferências.
Este conceito abrange diversos outros itens, como:
  • Preço;
  • Características do produto;
  • Prazo de entrega;
  • Distribuição, etc, fatores decisivos na hora da compra.

A multiplicidade dos itens de Qualidade, conforme foi dito acima, procura a fidelidade de quem já é Cliente e Consumidor do produto. Os modelos de gestão associados à multiplicidade dos itens visam a direcionar as ações para o atendimento total do Cliente/consumidor, considerando os múltiplos itens que ele considera relevantes.

Desta forma, o potencial estratégico da Qualidade passa a ser outro: visa transformar em consumidores pessoas que hoje não são. Isso significa fazer a organização estar à frente do mercado, criando produtos inovadores, através do monitoramento do ambiente externo da organização, como consumidores, concorrentes e sociedade como um todo, visando detectar alterações de valores, de comportamentos e de hábitos. Assim, o conceito de evolução migra para o de Melhoria Contínua, onde a empresa visa alcançar níveis crescentes de eficiência e eficácia.

O objetivo da dimensão estratégica da Qualidade é criar produtos diferenciados em relação aos dos seus concorrentes, pois produtos diferenciados têm um perfil de fidelidade claramente consolidado. A diferenciação, como método da Gestão Estratégica da Qualidade, inclui uma diversidade de ações:
  • Adequação ao uso, customizando o produto e não padronizando;
  • Criação de canal de comunicação entre Cliente e empresa;
  • Diferenciação entre Clientes e Consumidores:
  •       Consumidores = todos aqueles que consomem os produtos; Utilizam o produto hoje;
  •       Clientes = todos aqueles que sofrem o impacto do uso de nossos produtos; Utilizarão o produto amanhã;
  • Multiplicidade, buscando atender ao maior número de variáveis solicitadas ou desejadas pelo Cliente;
  • Ter como meta o crescimento da organização (processo evolutivo);
  • Antecipação de mudanças do mercado;
  • Confiança no processo de produção, onde as especificações do produto são plenamente atendidas;
  • Confiança na imagem ou na marca, garantindo a identificação do Cliente ou Consumidor;
  • Ações sustentáveis (meio ambiente), preservando recursos naturais;
  • Ações sociais entre a empresa e a sociedade onde está inserida;
  • Minimização de perdas à sociedade, visando minimizar quaisquer custos que possam vir do uso do produto;

A Qualidade depende, essencialmente, do equilíbrio entre oferta e demanda, ou seja, o excesso de demanda faz com que as organizações produzam qualquer coisa para vender, preste ou não, e o excesso de oferta pode levar as organizações a diferenciar-se por preço, reduzindo os custos e comprometendo a Qualidade.

O conceito estratégico da Qualidade pode perfeitamente ser aplicado às pessoas por elas se assemelharem às organizações, pois se relacionam com Clientes e fornecedores em um ambiente interno. Desta forma, os conceitos de Qualidade aplicados às organizações podem também ser facilmente aplicados às pessoas. As pessoas, assim como ocorre com as organizações, atuam sob fogo cerrado da concorrência (outros profissionais no mercado de trabalho com igual formação e experiência), e por isso buscam maiores qualificações profissionais em todas as áreas.  Portanto, o primeiro passo para que a empresa possua um grau estratégico de Qualidade é inserir esta visão às pessoas que compõe a organização.

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